Esse texto é de autoria de Nathan Grayson e foi publicado na Kotaku em Abril de 2017.
Meu nome é Nathan Grayson e eu tenho um problema, eu não paro de desperdiçar uma caralhada de tempo em Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Quando eu jogo Zelda, eu me sinto como se desperdiçasse tempo. Não me entenda errado, ele é uma obra prima, um game cheio de atividades recompensadoras e agradáveis surpresas. Eu apenas não faço, uh, uma tonelada dessas coisas. Deixe me explicar isso com uma história rápida.
Há algumas semanas atrás, eu estava na casa de uma amiga e ambos jogávamos nossas cópias de Zelda, afinal 2017 pode ser uma distopia angustiante de merda onde você é perseguido por horas em uma montanha a mil por hora, mas pela a experiência no Nintendo Switch é legal. Enquanto jogávamos era difícil não notar a disparidade entre nossos estilos de jogo. Ela estava toda produzida com uma armadura que eu nem sabia que existia, explorando mais e mais a enorme Goron dungeon. Ela resolvia puzzle atrás de puzzle, parecia possuída por um demônio obcecado em resolver puzzles.
Eu passei uma hora e meia tentando alimentar os animais.
OK, OK, tente me entender. Você sabe como podemos alimentar de cavalos a cachorros? Eu imaginei, sabe talvez mobilins, lizalfos e hinoxes estejam com fome também. Ou pelo menos os lobos? Eles são praticamente cachorros, então eu pensei que talvez as mesmas regras pudessem ser aplicadas. E não foram!
Os inimigos apenas continuavam tentando me acertar, aparentemente coxa de frango não agrada eles. Fiquei com o coração partido ao perceber que não poderia fazer amizade com todos os inimigos usando minha ótima culinária.
Então um sentimento familiar começou a transbordar em mim: Eu estou desperdiçando meu tempo? Claro, minha excursão amigável de culinária foi divertida rendendo algumas risadas, mas eu realmente não fiz nada. Minha amiga, entretanto, teve três vezes mais corações que eu e um conhecimento e envolvimento profundo com o arco de personagem da Zelda.
Isso é um tipo de iceberg. Eu também gastei horas imaginando que trajetória eu faria com as bombas para lançar os inimigos em específicos poços de lava, como no basquete e obviamente teve a hora em que eu nocauteava os esqueletos e carregava eles para a cidade e introduzia eles para os meus companheiros de aventura. Claro que os moradores da cidade não se divertiram. Mas eles realmente reagiram e isso foi incrível.
Breath of the Wild tem um leque gigante de possibilidades para você se perguntar, “E se? E isso frequentemente te recompensa, embora de pequenas e surpreendentes maneiras, por tentar responder essa pergunta. Mas isso não se parece com o progresso tradicional nos videogames. Então eu tive um período difícil conciliando meu desejo de ligar o foda-se com o desejo de progredir no jogo e não me sentir como se eu tivesse jogando meu precioso tempo fora. Estou tão acostumado a trazer e levar coisas que os game designs atuais oferecem que eu não consigo ter uma diversão não direcionada sem me sentir culpado. É realmente muito divertido apenas jogar um jogo do jeito que eu quiser, mas apenas enquanto eu estou jogando, depois disso eu começo a duvidar de mim mesmo.
Além disso, viver em uma sociedade ditada pelas mídias sociais e o capitalismo significam que eu sinto que deveria estar usando cada segundo do meu tempo de forma otimizada e, se não estiver, estou ficando para trás em termos do que posso oferecer tanto a discussões (em torno de jogos, neste caso) e, perversamente, à humanidade como uma pessoa efetiva e produtiva. Nos jogos como na vida, existe uma imensa intenção de minimizar/maximizar o tempo, mesmo que isso venha à custa da sua própria felicidade.
Em alguns casos, como em Persona 5 (que é uma grande jogo por sinal), isso fica bem claro. Eu realmente só quero jogar Persona no meu próprio ritmo, mas eu também quero minimizar/maximizar minha vida virtual para que eu possa encontrar todo mundo, fazer tudo e beijar cada amiga sexy que saiu de um anime. Eu sinto um stress imenso toda vez que eu preciso tomar uma decisão sem consultar um detonado. A verdadeira questão interior sobre tudo isso é: “E se eu estou fazendo isso errado,” ou mais “ E se eu não estou fazendo tudo certo?” e se eu não estiver, eu teria desperdiçado meu tempo? Eu poderia gastar todo esse tempo conhecendo novas pessoas ou buscando um novo projeto que poderiam virar novas oportunidades ou apenas beijando pessoas reais? E, de uma só vez, estou minando a minha vida virtual e a minha vida real, devido às pressões sociais e econômicas estranhamente semelhantes que se estendem de ambas.
A merda é, nenhum desses detalhes em particular realmente importa tanto assim. As pressões que levam a ansiedades valem a pena serem examinadas, mas o ponto inicial é: eu estou jogando esses games de qualquer maneira. Se eu escolho arremessar maçãs em bocas de moblins famintos ou resolvendo dungeons, eu estou explorando esse incrível e massivo mundo. Se eu estou fazendo tudo perfeitamente na minha primeira jogatina em Persona 5 ou gastando um bom tempo na clinica de uma doutora punk toda estilosa, eu ainda estou experimentando um importante e interessante conto sobre o que é ser um jovem no Japão moderno.
E se eu decidir deixar as ansiedades sobre o que é jogar corretamente ou de forma otimizada ditar o que eu faço durante o gameplay no final isso não seria o meu gameplay, seria? Como resultado, eu me preocupo menos e o jogo em questão fica menos tempo comigo. Afinal é totalmente contra produtivo
Como resultado, eu me preocupo com eles menos e, em última análise, o jogo em questão não fica comigo tanto. Então, é tudo contra produtivo para realmente jogar jogos de forma otimizada valorizando outras coisas.
Ainda sim, é difícil, se a culpa fosse um sentimento que eu pudesse banir com um apertar de botão, eu provavelmente nunca sentiria isso novamente. Só porque não é algo racional não significa que não está lá. De toda maneira eu tentarei empurrar o Guardião de Breath of the Wild na fonte das fadas. Deseje-me sorte. E me tranquilize que está tudo bem fazer isso e eu não estou perdendo nada por devotar três horas nesse projeto idiota.
Obrigado Galera!