Entrevista com colecionadores: Mangá com Denys Almeida do Gyabbo!

Começando o ano com a entrevista com o Denys do Gyabbo, um dos principais blogs do de anime e mangá, batendo um papo sobre a vida de colecionador, aliás ele está de mudança por isso não tivemos muitas fotos.  Tive a ideia das entrevistas a partir da coluna, Minha Estante, do já citado Pipoca e Nanquim e se tudo der certo ainda teremos muitas outras.

Let’s go!

Olá! Inicialmente, muito obrigado por aceitar participar da entrevista.

Eu que agradeço o convite!

Para começar conte um pouco sobre você?

Bem, me chamo Denys Almeida, moro em Manaus/AM e estou finalizando a faculdade de Psicologia na Federal aqui do estado. Tenho 23 anos, uns 11 como colecionador de mangas. Como o próprio blog já entrega, sou grande fã de cultura pop japonesa, mas especialmente animes e mangas. Criei o Gyabbo! há pouco menos de 3 anos (irá completar o terceiro aniversário no dia 18 de Janeiro próximo) com o intuito de colocar minhas opiniões sobre esse hobbie e debater com outros fãs. Sou uma pessoa calma, observadora e paciente, só um tanto cabeça-dura.

Quando você começou a se interessar por Mangás?

Na verdade eu comecei a me interessar por mangas ali pelos 12 anos, uma época em que era raro encontrar matéria por aqui. Eu já gostava de animes e devorava qualquer material de referência que surgia. Mas na verdade, no começo dos lançamentos de manga no Brasil (com Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco pela Conrad), eu tinha certo preconceito com eles. Achava estranha a ideia de ler algo em preto e branco e ainda mais de trás pra frente! Foi com Holy Avenger, material nacional com estética manga, que eu realmente comecei a me interessar por esse lado do entretenimento japonês. Depois de HA, meu primeiro manga foi a edição #34 de Dragon Ball, quando iniciava a fase do Piccolo no manga, algo que eu sempre tive curiosidade de acompanhar já que o SBT resetava o anime quando chegava mais ou menos nessa parte. Depois dali comecei a comprar todos os mangas que surgiam, principalmente pelo preço ser na época bem barato.

Quando você passou de leitor ocasional para colecionador?

Desde aquela edição de Dragon Ball eu já era um colecionador. A verdade é anteriormente eu tive muitas coleções na vida (moedas, selos, bonés, carrinhos, cédulas, latas etc), então eu já tinha esse espírito de colecionador, só faltava começar a gostar de mangas. Logo, nunca fui “leitor ocasional”.

Quantos mangás você tem?

São exatamente 704 volumes, entre os mais diversos formatos que já foram publicados no Brasil.

Você costuma a comprar seus mangás onde? Você vai atrás de sebos?

Costumo e prefiro comprar diretamente das bancas assim que sai, é um comportamento que me dá prazer; ir lá, pescar nas prateleiras onde estão os mangas, ver se chegaram os que quero, procurar o que não estiver danificado (algo que as editoras não parecem se preocupar, especialmente a JBC – faz muito tempo que não encontro em Manaus mangas dela que não estejam com a capa danificado. Simplesmente não compro) e comprar. Não costumo procurar em sebos pela questão do estado de preservação do material, poucas vezes encontrei algo em boas condições, pelo menos aqui em Manaus não vejo. O que eu faço às vezes é comprar pela internet, mas como o frete para cá é muito caro, evito. Outra forma é quando viajo para o Sudeste e aproveito para comprar em comic stores, principalmente na Liberdade. Lá eu compro vários atrasados.

Tem alguma preferência por editora ou formato?

Isso é difícil dizer, nenhuma editora nacional consegue manter um padrão de qualidade mínimo por muito tempo, infelizmente. Visto que a grande maioria do material sai com papel jornal, fica difícil dizer que eu prefiro algo assim. Mas mesmo entre as editoras que usam offset, como a NewPop, ainda persistem muitos erros simples como revisão e tradução. Gosto do formato de Naruto, se tivesse um papel melhor seria em minha opinião a melhor forma de lançar em bancas. Se formos para livrarias e materiais mais bem trabalhados, posso dizer que o formato que mais me agradou até foi do primeiro volume de Lodoss War – A Dama de Pharis, principalmente pelo preço que fizeram. Se pra banca gosto do formato Naruto (se tivesse um papel melhor), para livraria gosto desse formato de A Dama de Pharis. Mas nisso estou sem bem pé no chão, se fosse sonhar alto adoraria algo capa dura, com páginas coloridas, ótimo papel e tudo que poderíamos pedir e que já existe em outros países. No entanto, iniciativas como da L&PM Pockets são muito bem vindas, não é o mais luxuoso, mas tem um padrão de qualidade que não estamos acostumados.

Se você já tem um mangá em meio-tanko e ele é lançado em formato Tankohon você compra novamente?

A resposta mais direta é “não”, mas depende. Não irei comprar só pelo fato de estar vindo em Tanko. Agora, se o novo formato vier em um tanko caprichado, de qualidade, algo que realmente me agrade como leitor e colecionador, aí assim eu pensaria em comprar (além de ser uma série que me agrade muito, claro, dinheiro está curto). É só pegar o caso atual do relançamento de Cavaleiros do Zodíaco. Vai voltar em tanko em um papel jornal horrível, capa horrível, trabalho mal feito, vou comprar para que? Para relançar algo e valer a pena é preciso agregar valor ao material, por isso que no Japão quando vão lançar um nova edição, ela vem com algo diferente, seja formato, extras, qualidade gráfica. No caso dos cavaleiros, o certo teria sido publicar o kanzenban mesmo.

Quais são seus itens favoritos, que tem um valor financeiro ou emocional maior para você?

Financeiro de verdade creio que nenhum, mesmo que tenha gente cobrando muito caro por volumes como SCC #1, não chega a ser algo tão grande (e eu nem tenho vontade de vender mesmo). De valor emocional tem a tal edição de Dragon Ball #34 por marcar meu início nisso tudo. Também os mais antigos, como Sakura, Yuyu Hakusho, Dragon ball em geral, por estarem ligados a uma memória afetiva de tempos bons.

Você já fez alguma loucura para comprar um item ou uma coleção?

Não diria que é uma loucura, mas quando ainda era adolescente e o dinheiro era mais curto ainda do que já é hoje, eu pegava o dinheiro que seria do ônibus ou do lanche da escola e guardava. Voltava a pé pra casa, andava uns 10km toda segunda e quarta depois do inglês naquele sol “ameno” de Manaus só pra conseguir comprar meus mangas. Valeu a pena!

Como você guarda sua coleção? E que técnicas você usa para conservá-la?

Essa pergunta é complicada de responder no momento porque acabei de mudar de apartamento. Até semana passada toda minha coleção ficava guardada em um armário fechado no meu quarto. Não deixava entrar sol, felizmente não tinha problema com umidade (mesmo que em Manaus isso seja complicado pela alta umidade natural da cidade), insetos ou traças. De tempos em tempos eu retirava todos do armário, tirava a pouca poeira que tinha, folheava um por um, limpava o armário com água, álcool e depois de seco, guardava tudo de volta. Pelo menos uma vez por semestre (mas eu sei que o mais certo seria uma vez a cada três meses pelo menos). Como me mudei provisoriamente para um apartamento, no momento minha coleção está encaixotada em caixas de papelão, não imagina o sofrimento que estou. Vou colocar sachês anti-mofo e estar sempre de olho nas condições dele, mas como não posso mexer muito, é sofrer e esperar pelo menos pior.

Todo colecionador tem sua mania, seu ritual, seu modo de ler, quais são as suas?

Nada demais. Primeiro é nunca emprestar meus mangas, até por experiências ruins que eu tive no começo. Se alguém quiser ler meus mangas é só ir na minha casa que ela está aberta para quem quiser. Outras coisas são óbvias como ler com as mãos secas e limpas, não ter comida por perto, sempre que for parar a leitura por algum motivo, fechar o manga ao invés de deixar o dedo marcando a página. E demais curioso creio que seria o fato de nunca levar um manga para o banheiro, em hipótese alguma.

O que você tem acompanhado nas bancas ultimamente?

Com a qualidade dos mangas hoje em dia tem sido cada vez menores as minhas compras. Estou acompanhando Naruto e Kimi ni Todoke mensalmente. Estou atrasado com Ichigo 100% que pretendo comprar quando for pra São Paulo. E estou comprando a Ação Magazine também. De séries é basicamente isso, quando sai algo em um ou dois volumes eu tento comprar, mas venho comprando cada vez menos (mais por não gostar da qualidade do que temos e da forma como os mangas chegam em Manaus do que por estar me afastando do hobbie).

O que você tem achado do mercado de mangás atualmente?

Uma grande quimera. Por um lado temos o pensamento retrógrado e atrasado da JBC e seu gerente Marcelo Del Greco. Por outro temos os avanços tímidos da editora Panini. O bonito que poderia ser melhor por dentro da NewPop e a iniciativa da L&PM Pockets. Eu acredito que estamos evoluindo, mas infelizmente isso acontece a passos bem curtos. Acredito que a chagada da L&PM vai sacudir um pouco as coisas. Além disso, o recente anúncio de mangas peso-pesados pela Panini vai fazer com a JBC mude, ou pelo menos eu espero que isso aconteça, se não acontecer é o começo do fim da mesma e isso é algo que ninguém pode querer. Precisamos criticar e cobrar melhoras para que possamos continuar comprando, ninguém pode querer que uma editora saia do mercado, precisamos cada vez mais de concorrência.

Se você só pudesse salvar 3 séries da sua coleção quais seriam?

Difícil escolha. Provavelmente Sakura, Dragon Ball e Yuyu Hakusho (passei meia hora mudando os títulos aqui, realmente difícil escolha).

Obrigado pela entrevista, para finalizar quer falar algo para os colecionadores, otakus ou fãs desse Brasil?

Primeiro, gostaria de agradecer pelo convite da entrevista novamente. Pedir, claro, que entrem no Gyabbo! para ler os artigos e discutir sobre esse hobbie, mas principalmente, falar que precisamos ser mais unidos e mais críticos. Reclame, seja no Twitter (mas de preferência diretamente para a editora) ou em qualquer lugar, mas reclame, deixe de comprar se vier ruim, mas não aceite as coisas como elas são. Tentam incutir a ideia de que é impossível fazer um trabalho melhor no nosso país por causa dos impostos, burocracias e tantas outras desculpas. Não é o consumidor que tem que se preocupar com isso! São as editoras. Seu papel é querer o melhor para consumir e se divertir! Abraços a todos e feliz 2012!

2 comentários

  1. Ótimo, aprendi muito com a entrevista, é ótimo saber mais sobre isso não? pois são os blogs de cultura pop japonesa que estão movendo fronteiras, nossa filosofei ¬¬ esperando mais.

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